quarta-feira, 24 de novembro de 2010

RECRIAÇÃO 1 DA HISTÓRIA DO GATO MALHADO E DA ANDORINHA SINHÁ


“O Gato Malhado aspirou a plenos pulmões a Primavera recém-chegada. Sentia-se leve, gostaria de dizer palavras sem compromisso, de andar à toa, até mesmo de conversa com alguém. Procurou mais uma vez com os olhos pardos, mas não viu ninguém. Todos haviam fugido.
Não, todos não. No ramo de uma árvore a Andorinha Sinhá fitava o Gato Malhado e sorria-lhe. Somente ela não havia fugido. De longe seus pais a chamavam em gritos nervosos. E, dos seus esconderijos, todos os habitantes do parque miravam espantados a Andorinha Sinhá que sorria para o Gato Malhado. Em torno era Primavera, sonho de um poeta.”
Jorge Amado – O GATO MALHADO E A ANDORINHA SINHÁ

Desde então, a Andorinha e o Gato Malhado ficaram bons amigos. Encontravam-se todos os dias.
Numa manhã bem quente de Primavera, o gato e a andorinha foram passear para a floresta, já que todos os outros animais tinham medo do Gato Malhado.
Pelo meio de um campo de flores iam conversando.
- Por que não tens medo de mim? Todos os outros têm! – Perguntou o gato.
- És feio, é bem verdade, e também tens cara de mauzão, mas não é por isso que vou ter medo – respondeu a andorinha.
- O meu nome é Gato Malhado, porque sou malhado e porque sou gato e tu és andorinha Sinhá porquê?  
- ‘Sinhá’ vem de sonhos, sonhadora e também porque sou bonita e esbelta como a Sinha Jardim –  respondeu a andorinha.
- E nada convencida – pensou o gato para si mesmo.
O gato sentiu-se estranho naquele dia. O seu pequeno coração de gato rancoroso palpitava mais que o costume. Ria-se por tudo e por nada.
- Será? Não pode. Eu? Como é possível? Um gato da minha categoria, que mete medo a toda a gente? Não pode… É tecnicamente impossível. – Pensava ele.
No regresso para casa iam falando de vários assuntos respeitantes ao mundo animal. Chegados a casa da andorinha, o gato diz:
- Adeus, andorinha!
- Adeus, gato! - Respondeu.
Após a entrada da andorinha em casa, o gato decidiu voltar também para a sua.
No caminho para casa o gato deparou-se com uma tabuleta que dizia:
“ Madame Mariana
Tudo vê, tudo sabe.
Pergunte e obterá resposta.”
Intrigado, o gato decidiu entrar.
Ao entrar, ficou pasmado: a Madame Mariana era uma arara com crista amarela e penugem branca, uma espécie de coroa na cabeça e anel na mão direita. Estava sentada a uma mesa com cartas e uma de bola transparente com base castanha , dentro da qual havia raios coloridos.
A tal Madame tinha as mãos na bola e os olhos em branco. Parecia possuída.
- Olá! Esta ai alguém? – Perguntou o gato Malhado.
- Olá, entre, amigo de quatro patas! – respondeu ela, com uma voz meio esganiçada, ou como dizem, de cana rachada.
O gato Malhado, meio atormentado, senta-se e pergunta.
- Como é estar apaixonado? Como sabemos? O que é o amor? Dói?
- O amor é uma coisa sentida, não dói. Estar apaixonado é gostar tanto de uma pessoa que só nos apetece estar com ela, pensamos nela a toda a hora. O amor é capaz de mudar uma pessoa. Para melhor ou para pior. – Respondeu.
O gato, intrigado com tudo o que ouviu, sai e segue o seu caminho para casa.
A casa do gato era negra, escura como as normais casas assombradas, tanto que os outros evitavam por lá passar. No tapete da entrada dizia: “Vão embora!”
Enquanto tomava banho, pensava na andorinha, enquanto se vestia e lavava os dentes, pensava nela. Tudo girava em torno da andorinha Sinhá. Agora o Gato Malhado sabia realmente o que se passava. Ele estava apaixonado.
Noutros dos tantos passeios dados por eles os dois, depararam-se com o Tornado, o cão mais temível dos cães nos quatro cantos do mundo. O maior cão, de olhos assustadores, negros e de olhar vazio.
O gato, para proteger a sua amada, disse:
- Sai daqui, cão!
Não, estou a brincar, não foi isso que se passou. Ao verem o Tornado ambos fugiram. A andorinha pelo ar e o gato a correr. Como o gato não corria muito e era preguiçoso, a andorinha gritou do ar:
- Prepara-te, gato!
- Preparo-me? – pensou o gato.
Antes de poder pensar alguma coisa a andorinha sobrevoou-o e levou-o consigo para os céus. Depois de o agarrar, disse:
- Além de feio, és gordo!
Chegados a um local mais seguro, pousou-o e foi-se embora. O gato ficou incomodado, mas para mostrar à Andorinha Sinhá que conseguia mudar, decidiu começar a emagrecer. Mas não conseguiu.
A Primavera acabara e o gato entristeceu, pois a Andorinha Sinhá tinha de se mudar, mas prometera-lhe que trocavam cartas.
Após a partida da andorinha, o gato mudou totalmente. Era mais feliz, mais sociável, fazia exercício físico e mudou a sua casa. Em vez de negra e escura, era amarela e bem iluminada. O tapete dizia: “Bem-vindo!”.      
O amor do gato pela andorinha tanto durou que mudou completamente o gato.
                                                                                                             
Daniela Gaspar nº13 8ºA

1º Encontro de Escolas Católicas da Diocese de Aveiro

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