segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Recriação 2 da História do Gato Malhado e a Andorinha Sinhá

[…] A Andorinha Sinhá e o Gato Malhado permaneceram ainda mais uns instantes parados, de olhar fixo um no outro, as bocas não se abriam, mas diziam as coisas mais belas do mundo…
Depois daqueles primeiros instantes, foi o Gato Malhado quem tomou a palavra:
-Sinhá! Estás aqui… Não tens medo de mim como os outros animais!?
-Medo!? Porque haveria de ter medo de ti? Posso  não te conhecer há muito tempo, mas conheço-te o suficiente para saber que és mais inofensivo que uma borboleta e que, se alguma vez cometeste algum erro, não foi por mal.
-Ninguém quer saber se foi ou não sem intenção. Ninguém quer estar comigo e amigos… Nem vê-los! – resmungou o Gato Malhado.
Ao ver o estado em que se encontrava o Gato, a Andorinha sentiu-se no dever de o alegrar:
-Não digas isso! Eu estou aqui e tenciono ser tua amiga! Anda daí, que o pôr-do-sol visto aqui de cima é mágico!
O Gato e a Andorinha passaram o resto desse dia ali, em cima daquele ramo de árvore a falar sobre o que os inquietava, o que os alegrava, os deixava tristes, aborrecidos ou até mesmo furiosos e descobriram que até tinham muitas coisas em comum e isso alegrou-os.
Foi nesse dia de primavera que a mais pura das amizades começou.
A Andorinha Sinhá e o Gato Malhado viviam, o que se chama de uma amizade verdadeira.
Passavam horas sem fim a conversar sobre tudo e mais alguma coisa, faziam longos passeios, o Gato Malhado a gatinhar e a Andorinha Sinhá em voo raso, não fossem eles perderem o rasto. Juntos, visitaram sítios que nunca pensaram existir, sítios tão belos e tão cordiais que pareciam perfeitos, perfeitos demais para existirem. Também viveram muitas aventuras.
Entre a fuga de um canil e as corridas em plena auto-estrada, tiveram tempo para viver loucas e emocionantes aventuras.
Mas a juventude foi passando e com ela foram também a agilidade e vivacidade que tanto os caracterizava.
O amor que sentiam um pelo outro não se desvaneceu, mas a amizade foi-se tornando cada vez mais monótona, chegando ao ponto mesmo, de passarem longos bocados sem nada dizer, como se quisessem falar, mas se sentissem fracos demais para o fazer. A única maneira de se rirem, era  se lhes vinha á cabeça, já velha e desgastada pelos anos, memórias de outros tempos, em que a felicidade e a aventura não acabavam.
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá eram um casal muito respeitado por todos. Eram considerados um exemplo de como se deve viver a vida e aproveitar cada instante.
Mas certa vez, a Andorinha Sinhá adoeceu gravemente.
Quando o médico Sapo Gabriel chegou para a tratar, logo se apercebeu da verdadeira gravidade da situação.
Sinhá já não conseguia movimentar as asas, fazia um esforço enorme para abrir os olhos e já não tinha forças sequer para comer.
O médico tentou de tudo, mas achou que seria um desperdício de tempo tentar remar contra a corrente. Sinhá estava no leito da morte, mais para lá do que para cá e foi isso que o  médico teve que explicar ao Gato Malhado.
Poucos instantes depois, Sinhá deu o seu último suspiro e depois…Morreu.
O funeral foi lindo. A campa da Andorinha estava coberta de imensas flores de todas as cores, que baloiçavam com o vento, na maior das naturalidades.
Nesse dia, no funeral, toda a vida da Andorinha fora contada e recontada, grande parte dela da boca do próprio Gato Malhado, que recordava assim, emocionado, os melhores momentos da sua vida.
A Andorinha Sinhá morreu realmente, mas o seu exemplo de amor para com o Gato Malhado foi contado de geração em geração e ainda hoje perdura como a mais bela e mais forte história de amor.
ANTÓNIO FANECA, Nº 4, 8ºD

1º Encontro de Escolas Católicas da Diocese de Aveiro

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