segunda-feira, 29 de novembro de 2010

RECRIAÇÃO 3 DA HISTÓRIA DO GATO MALHADO E DA ANDORINHA SINHÁ

(…)
O Gato Malhado decidiu, então, meter conversa com a Andorinha:
- Então, senhora Andorinha, conte-me o que a levou a ter ficado por cá, longe dos seus pais…
- Sabes, Gato, às vezes temos que fazer escolhas na vida, mesmo que não sejam as mais acertadas, porque a vida não é fácil. Durante todo o nosso percurso cá na Terra, teremos que tomar decisões, todas elas com vantagens e desvantagens, e nós é que decidimos se queremos correr o risco de seguir tais caminhos que nos podem trazer felicidade, ou de tomar sempre o mesmo rumo, que até pode ser mais seguro, mas não tão aliciante e inesperado.
- Hum... não percebo o porquê de tanta filosofia!
- Mas vais ver que um dia ainda vais perceber. – disse a Andorinha que, levantando voo, se dirigiu para a outra ponta da floresta.
O Gato Malhado ficou intrigado e muito pensativo… Porque seria que a Andorinha tinha tomado a decisão de ficar longe dos seus pais? Porque é que ela não tinha fugido com eles? – interrogava-se o Gato.
Como já estava escuro e o Gato se encontrava agora sozinho no meio da floresta, decidiu ir para sua casa. Já quase a chegar ao esconderijo, o Gato lembrou-se de ir ter com a sua amiga raposa Teodora. Bateu à porta e entrou:
- Teodora?! Sou eu, o Gato Malhado. Estás aí?
- Estou, sim. Entra! Estou aqui na sala. – disse a raposa.
- Então, como estás, Teodora? – perguntou o Gato com um ar ternurento.
- Eu estou sempre bem! Mas conta-me, o que te traz por cá?
- Sabes, querida raposa, é que hoje, ao andar pela floresta, encontrei a dona Andorinha sozinha num ramo de uma árvore. Achei estranho ela não ter fugido com os seus pais e, então, decidi perguntar-lhe o porquê dessa decisão. Então, ela veio-me com uma filosofia de vida que me deixou a pensar…
- Estou a ver… Então e depois?
- Depois, foi-se embora muito misteriosamente. Mas sabes, Teodora, o mais incrível disto tudo é que ela me cativou! Não sei como, em tão pouco tempo! A verdade é que fiquei com vontade de a conhecer melhor. Talvez amanhã a vá procurar. O que me dizes?
- Eu acho que fazes muito bem! - disse a raposa com um ar meiguinho.
- E, então, no dia seguinte, lá foi o Gato Malhado pelo bosque fora à procura da Andorinha Sinhá. Procurou, procurou e procurou, até que a foi encontrar junto a um lago a chorar.
- Porque choras? – perguntou-lhe o Gato muito preocupado.
- A minha vida está toda de pernas para o ar! Estou sem os meus pais, não tenho lar e…
- E?!...
- Não me apetece falar sobre isso…
- Está bem. Tu é que sabes, Andorinha. E é assim: quanto ao lar, podes ficar em minha casa! Eu até agradecia, porque, como deves imaginar, viver sozinho não é muito agradável.
- Obrigada! – exclamou a Andorinha Sinhá, cheia de entusiasmo.
E foi então que tudo aconteceu: com o passar dos dias a Andorinha e o Gato deixaram-se cativar um pelo outro, e,  a cada dia que passava, tornavam-se cada vez mais e mais amigos! Passeavam pelos campos floridos; apreciavam o perfume das flores, que pairava no ar; observavam a lua cheia e cantavam ao luar; brincavam pelo bosque… Tudo corria bem, até ao dia em que a família da Andorinha Sinhá a foi buscar para irem viver para outro lado. A Andorinha não tinha escolha. Tinha mesmo que ir, por muito que lhe custasse… Mas o problema é que ela já não conseguia viver sem o Gato, pois tinha-se afeiçoado bastante a ele, e, embora ela não quisesse admitir, pois era envergonhada e reservada, o que sentia pelo amigo Gato Malhado era mais que uma simples amizade! A relação que se havia estabelecido entre eles era especial e era por isso que a Andorinha não se queria mudar para outro sítio… Mas não era a única a não querer mudar-se… Também o nosso amigo Gato Malhado era contar essa mudança. Também ele estava triste e desolado, por ter de se distanciar da sua tão querida amiga Andorinha Sinhá. E foi graças a toda esta tristeza, pela qual o Gato Malhado se deixou envolver, que ele tomou uma decisão: ir com Sinhá e com a sua família para outro lugar. Como a decisão não podia ser tomada só por ele, o Gato foi falar com a Andorinha:
- Sinhá, eu sei que talvez não seja a melhor altura para falarmos, mas tenho uma coisa para te dizer…
- Estás à vontade, podes dizer.
- É assim, eu tomei uma decisão!
- Que decisão?
- Pronto, eu vou directo ao assunto: vou contigo e com a tua família para onde quer que vocês forem! Já não me imagino a viver sem ti.
- Não, Achas?! Tu não podes abandonar assim tudo de um dia para o outro!
- Mas eu quero, eu quero fazer isto pela nossa amizade. Lembras-te de quando nos conhecemos e eu te perguntei o porquê de não teres ido com os teus pais?
- Sim, lembro. Mas…
- Mas, espera! Tu depois explicaste-me que às vezes temos que fazer escolhas na vida, que nem sempre são as mais acertadas e fáceis. E agora chegou a minha vez. A vez de eu tomar uma decisão, que, embora eu saiba que poderá ser muito arriscada, é a que me vai deixar mais feliz e satisfeito. Quero seguir um novo rumo na minha vida. Quero poder ser feliz contigo, mesmo que isso me faça correr riscos! A minha amizade por ti leva-me a querer ir mais além. E é isso que eu quero fazer: ir contigo, para onde quer que tu vás! Tal como tu, no início, tinhas tomado a decisão de ficares longe dos teus pais, eu agora quero tomar esta decisão. E também te lembras de me dizeres que eu um dia ainda ia perceber toda aquela filosofia? Tinhas toda a razão; hoje eu percebo tudo aquilo que me quiseste dizer e acho que tinha toda a razão…
- Sim, é verdade. Eu acho que por mim e pela minha família não haverá qualquer problema se tu vieres connosco, mas tu é que tens de saber se é mesmo isto que queres. Pelo que tu disseste, parece que sim; no entanto, devias pensar melhor nesta tua escolha, não achas?
- Não, Andorinha, eu tenho a certeza que é mesmo isto que quero!
Bem, caro leitor, e agora consegues adivinhar o que aconteceu? Eu cá consigo: o Gato despediu-se dos seus amigos e pertences e lá foi ele, juntamente com a sua querida amiga Andorinha, para outro sítio começar uma vida nova!
Vitória, vitória, acabou-se a história…
Espero que tenhas gostado, querido leitor. E se quiseres saber o que aconteceu daqui para a frente na nova vida do Gato Malhado e da Andorinha Sinhá, terás que comprar o segundo volume desta colecção…
Mariana Oliveira, n.º 25, 8º D

1º Encontro de Escolas Católicas da Diocese de Aveiro

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